As orquídeas frequentam um imaginário de exotismo e sofisticação que pouco tem a ver com a realidade de sua existência na natureza. Presentes em todo território brasileiro são símbolos da pujança e beleza de nossa flora, no entanto sofreram com a depredação do ambiente onde vegetam e com a coleta de espécies para o comércio.
Diversos botânicos estudaram nossas orquídeas e muitas tem seus nomes em memória desses estudiosos. Foram coletadas aos milhares e levadas para a Europa onde os poucos espécimes que sobreviviam à viagem transatlântica eram vendidos a peso de ouro. Uma situação paradoxal uma vez que as matas onde se originam essas preciosidades sempre foram dizimadas sem a menor preocupação com as riquezas biológicas escondidas em seu interior e uma imensa quantidade de plantas foi queimada ou lançada no lixo sem mesmo ter sua existência registrada.
A destruição das matas para dar lugar a cultivos como o café, soja ou criação de gado é uma realidade no Brasil e o total descaso com o potencial de geração de riqueza dessas matas também acompanha nossa história. As orquídeas, plantas que em seu design caprichoso nos fazem pensar na voluptuosidade de um barroco vegetal são mais um capítulo nessa série de desastres ambientais que assolam nosso país. Existe uma quantidade imensa de espécies como Laelia lobata, que vicejava no costão do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro. Cattleya labiata, conhecida como a rainha do Nordeste, Laelia purpurata, planta símbolo do Rio Grande do Sul, que vegetavam em quantidade assombrosa e hoje só existem nas descrições dos biólogos que visitaram seus habitats antes de serem arrasados.
Grafite e pigmento sobre papel
40x30cm
2021
